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Arquitetos: João Morais
- Área: 183 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
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Fabricantes: Adobe Systems Incorporated, CIN, CLIMAR, Cinca, Get a Light, JNF, Matierra, PADIMAT, Represtor, Roofmate, Sosoares, Tekbiomasse, Umbelino, VELUX Commercial, Wicanders
Descrição enviada pela equipe de projeto. O processo de implementação do programa do Observatório da Charneca passou necessariamente pela concretização de um projecto de arquitectura para receber essas valências. O local identificado para o efeito foi um armazém rural situado na extremidade de um conjunto agrícola, ladeado a Sul pelos restantes edifícios do casal, a Poente por uma estrada e um milheiral, e a Norte pela paisagem aberta do sobreiro que caracteriza toda a herdade.
Assim, com 3 alçados disponíveis, trabalhou-se numa primeira fase a relação do edifício com a sua envolvente de forma a conciliar essa relação com a funcionalidade do espaço interior. Identificada a função principal do edifício como espaço para acolher grupos de pessoas seja em formato de exposições, workshops, almoços, reuniões ou apresentações, todo o espaço foi desenhado com esse propósito.
Tratando-se já de uma planta liberta de barreiras, pois toda a estrutura de cobertura assentava em 8 pilares distribuídos pelo perímetro do edifício, aproveitou-se o “openspace” existente. Para dotar o edifício das funções de apoio necessárias à logística da sua operação, colocaram-se casas de banho, uma copa e um lava-mãos comum, tudo reunido num único volume central, solto do edifício existente. A ideia foi destacar dois tempos, o da construção inicial e o da intervenção actual.
O volume central assume-se como único elemento “novo”, revestido a cortiça mas escavado nas zonas de bancadas, tais como o lado da copa e o lado do lava-mãos, fazendo a ponte entre a paisagem natural circundante do sobreiro, protagonista em todos os temas do observatório, e o espaço interior. A utilização de materiais naturais tais como a cortiça ou de fabrico manual, tais como o azulejo artesanal aplicado na copa, conferem não só conforto visual, como humanizam o edifício, trazendo para o interior o meio natural.
Ainda no âmbito de conservar a identidade do lugar, toda a cobertura de asnas, de construção tradicional do início do século XX, foi recuperada realizando-se a réplica exacta de toda a armação de madeira. Acrescentou-se apenas uma forra em ripado de madeira, a revestir todo o tecto pelo interior, de forma a ocultar o isolamento térmico e impermeabilização que trouxeram ao edifício conforto acrescido. Em relação à fenestração, optou-se por privilegiar o controlo da luz solar e salvaguardar a intimidade do espaço, visto o programa estar centrado em exposições ou espaço de trabalho.
Como tal, resumiram-se as aberturas ao mínimo, nomeadamente dois janelões em fachadas opostas (norte-sul), que permitem a entrada e saída das pessoas. Quando abertos permitem ainda a ventilação natura cruzada do espaço, ainda mais necessária aquando de grandes afluências de pessoas. Uma terceira janela no alçado poente assegura a iluminação zenital, pela sua localização junto ao tecto. O controlo das vistas foi aqui importante para criar enquadramentos e não banalizar a paisagem envolvente, antes pelo contrário tornando-a “especial” e fazê-la parte da identidade do espaço e do programa. Num edifício anexo, foi localizada uma copa industrial de forma a dar apoio aos grandes eventos, e ainda o “arquivo morto”, com entrada independente para todo o eventual serviço de catering externo.
O espaço é ainda pontuado por uma fila de armários multiusos (desde bengaleiros, a armários técnicos e arrumos), uma biblioteca composta por estantes retro iluminadas, a bancos de cimento em nichos nas paredes, e ainda um grande recuperador de calor para aquecer a ampla sala.